TUDO SOBRE A SUPLEMENTAÇÃO DE HMB – PARTE 1

Fala rapaziada!

O suplemento que escolhi para discutirmos nesta nova série, de apenas duas partes, é o HMβ: um produto não muito conhecido pela maioria do público frequentador de academias, que já entrou e saiu do mercado algumas vezes e que é alvo de muita propaganda, porém, baseada em especulações, já que os estudos científicos mostram resultados nada promissores...

Antes de começarmos, apenas um recado: convido todos a conhecerem um site bacana e confiável chamado Loja Marombada (www.lojamarombada.com.br). Eles possuem muitos modelos de regatas e estampas com frases motivadoras. Confiram!


1. O QUE É HMB?

HMB, HMβ ou β-hidroxi-β-metilbutirato é um produto do metabolismo de um famoso aminoácido chamado L-Leucina, sendo formado pela transaminação desta à α-ceto-isocaproato, o qual é metabolizado à isovaleril-CoA pela enzima α-cetoácido-desidrogenase na mitocôndria ou a HMβ no citosol hepático (e possivelmente em outros tecidos), pela enzima α-ceto-isocaproato desidrogenase.

Por conta da ação da enzima HMG-CoA redutase, o HMβ pode ser convertido a colesterol, assim como a acetil-CoA, via enzima HMG-Coa sintetase. (Nissen & Abumrad, 1997; Van Kovering & Nissen, 1992).
Para que o leitor entenda de forma mais simplificada, já que tudo que mencionei  acima pareceu muito abstrato e recheado de termos “difíceis”, parte da leucina do nosso organismo é convertida a HMβ pelo fígado, que poderá ser metabolizado, ainda, em outros componentes.


2. LEUCINA

A leucina é um famoso aminoácido, sendo a principal integrante do grupo dos BCAA, suplemento este que é de grande conhecimento dos marombeiros e que já foi inclusive alvo de sérias críticas aqui no site (clique AQUI para maiores informações).

Por conta das pesquisas deste aminoácido nos campos do ganho de massa muscular e ação anticatabólica (antiproteolítica), começou-se a investigar também estas ações com o HMβ, haja vista que é um produto derivado do primeiro.

Só para expor uma leve noção em números, estima-se que 5% da leucina oxidada em nosso organismo seja convertida a HMβ, o que acaba dando algo como 200 a 400mg por dia.

Para que consigamos produzir 3g de β-hidroxi-β-metilbutirato, grandeza esta que é a normalmente utilizada como suplementação nas pesquisas, precisaríamos consumir 60g de leucina, uma quantidade difícil de ser obtida dado o elevado volume de alimentos que acaba por demandar.

A título de exemplificação, 100g de carnes/produtos lácteos possuem 1g de leucina, enquanto leguminosas ficam na casa dos 3g para cada 100, ou seja, 3g de produção endógena de HMβ pode ser inviável para a maioria das pessoas...



3. HMβ E SEUS PRINCIPAIS EFEITOS COMO SUPLEMENTO

FORÇA E MASSA MUSCULAR

A primeira coisa que gostaria de discutir com o leitor, que acho a mais importante da série e que lhe recomendo guardar para a vida, é a importância de uma correta interpretação de um artigo científico, com senso crítico, não acreditando/comprando/engolindo tudo que está ali escrito...

Caso você faça uma leitura rasa, tendenciosa e pouco abrangente de um tema/estudo, tudo o que conseguirá será ser iludido, enganado e explorado financeira e intelectualmente.

Por exemplo, muitas pessoas irão glorificar o HMβ por ser um suplemento que aumenta força e massa muscular, sendo que de fato isto foi comprovado através de pesquisas. Vejamos:

CASO 1 – Nissen et. al, 1996: por 7 semanas avaliaram suplementação de 1,5 e 3g/dia de HMβ, combinada a um treinamento 3 vezes por semana. Verificou-se que os efeitos eram dose dependentes, ou seja, quanto mais HMβ, melhor (até essas 3g).

Além disso, houve redução do catabolismo proteico e do dano na musculatura.

O cientistas aproveitaram e investigaram também, por 7 semanas, os efeitos dessa suplementação num programa de treinamento de força, 6 vezes por semana, e os resultados foram aumento de massa muscular.

CASO 2 – Panton et. al, 2000: teste duplo-cego (nem os pesquisadores nem os avaliados sabiam se estavam recebendo placebo ou HMβ), por 4 semanas, com 3g/dia também, envolvendo 75 pessoas (homens e mulheres) e treinamento 3 vezes na semana.

Houve significante aumento de força e de massa magra, independente do sexo do indivíduo, no grupo suplementado ao final do período.


Bom, caso o fabricante, os comerciantes e demais interessados escrevessem no rótulo do produto que o HMβ promove ganhos de força e massa magra e diminui o catabolismo proteico, e ainda divulgassem esses artigos como embasamento de seu produto, todo mundo sairia comprando e gastando rios de dinheiro, haja vista que essa porra desse suplemento é bastante cara.

Isso sem contar a grande ajuda que os blogs de musculação e musas/musos fitness prestam na divulgação de suplementos, escrevendo qualquer bosta aos leitores, na tentativa de parecerem altamente informados e atualizados sobre os assuntos, mas fazendo apenas a lição de casa para a indústria de suplementos...

Críticas aos estereótipos à parte, voltemos às críticas científicas:

Os dois trabalhos que citei são de fato muito interessantes e apontam o HMβ como uma ferramenta interessante, porém, todas as pessoas recrutadas em ambas as pesquisas eram sedentárias! Ninguém ali treinava regularmente!

Ah, mas não dá na mesma, Fernandão?!

Talvez, porém, quando avaliaram a suplementação em pessoas treinadas, que seria nossa real e mais importante dúvida, os resultados foram medíocres, pra não dizer nulos! Mas acontece que na hora de divulgar o produto, quais trabalhos você acha que seriam citados?

Os que falam bem, oras, e você seria feito de idiota, afinal, o peso que um artigo científico tem como ferramenta argumentativa é quase que incontestável, só perdendo para a religião.

Só para ilustrar o que falei, vejamos os estudos:

CASO 1 – Slater et. al, 2001: por 6 semanas avaliaram suplementação de 3g/dia de HMβ num grupo experiente/avançado no treinamento de força, sob a forma de um teste duplo-cego.
Ao final do período, não se verificou nenhum ganho de força ou de massa magra...

CASO 2 – Ransone et. al, 2003: trabalho com 35 atletas de futebol americano, submetidos a 20 horas de treino semanais por 4 semanas.
Novamente, não se verificou nenhum ganho de força ou de massa muscular.

Curioso, não?

Pois é, acredita-se que a suplementação de HMβ só dê resultados em indivíduos sedentários submetidos a uma grande proteólise (quebra de proteína) muscular, de forma aguda e acentuada, por estimulação mecânica.

Em outras palavras, estou querendo dizer que quem pratica atividade física já está adaptado a este tipo de estresse e não responde à suplementação.

Posso, ainda, dizer as mesmas coisas de outra maneira: o HMβ só vai ser interessante para quem está começando na musculação, dado que antes era sedentário, porém, cá entre nós, valeria a pena suplementar algo tão caro por algumas semanas para ter resultados que inevitavelmente obteria em um número de semanas um pouco maior?!


Ficamos por aqui. No próximo artigo, onde já encerrarei a série, irei mostrar em qual campo o uso do HMβ tem se mostrado interessante (clique AQUI para ler a continuação).



FERNANDO PAIOTTI
Personal Trainer e Consultor Online
CREF 151531-G/SP


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Comentários

  1. Artigo super completo e estava procurando saber mais sobre
    aminoácidos em especial a Leucina e solucionou minhas dúvidas. Muito obrigado!

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